Quem é, e o que é o CEPI-Neves?

O nosso Centro Popular Ribeirão das Neves nasceu, em 2005, por iniciativa de lideranças comunitárias e educadores populares para produzir conhecimento sobre a realidade local, incidir sobre a melhoria da qualidade de vida e das políticas públicas e desconstruir o estigma negativo do município, como cidade “ dormitório, de presos e pobres”. Atuamos em Ribeirão das Neves e na região metropolitana de Belo Horizonte, sobretudo, na defesa e promoção dos direitos humanos, na emancipação produtiva e política de mulheres e na auto-organização popular, através da educação popular, de projetos de cultura e de economia solidária.
Gostaríamos de chamar a atenção inicialmente para o nome do “Centro de Estudos, pesquisa, Intervenção Ribeirão das Neves”, como ele diz não é de Ribeirão das Neves, mas ganha o nome do ribeirão que corta a cidade, e dá nome a ela, em homenagem à ele, e à multiplicidade de cursos d’águas que atravessam o município e caracterizam o ecossistema local de Mata Atlântica em transição para o cerrado.
O CEPI-Neves, nascido em 2005, é um adolescente, com 18 anos, vivendo ainda com muitas crises internas e de sustentabilidade. Mas ainda temos os ideais, princípios e objetivos de seu nascimento, buscar ser uma organização de estudo e pesquisa não só sobre a cidade, mas conhecê-la a partir de suas gentes, a partir do olhar e vivência de quem vive e mora aqui. Por isso nossa escolha de trabalhar com as metodologias da pesquisa-ação, da pesquisa qualitativa, como a história oral e com as abordagens da intervenção psicossociológica, que chamamos de sociologia clínica. Não desprezamos os números e os dados quantitativos. Buscamos essas informações também para iluminar nossas ações e cobrar das políticas públicas, que exigem cobertura da demanda, qualidade, eficácia nas soluções e eficiência no uso dos recursos.
Por isso todas as nossas ações têm um viés, que perpassa todos os nossas linhas de ação: Mudar o imaginário social sobre a cidade e inverter a lógica imposta de se pensar a cidade de fora para dentro. Queremos que a própria população organizada transforme a cidade e para isso lutamos para alterar a reprodução do estigma e a imagem negativa que pesa sobre a população. Não há auto-organização e engajamento de uma população que não se orgulha de seu território, que culturalmente não construiu um sentimento de pertencimento com ela. 2. Nossa intervenção é cultural, ideológica buscando alterar as mentalidades, os preconceitos, o machismo, o racismo; busca os direitos de todos os humanos. Buscamos vencer o ódio, o fascismo, a mercantilização da democracia e das eleições com amor, com paixão, desenvolvendo nossa capacidade de se indignar e com um ciclo virtuoso de ações coletivas e políticas, com uma agenda de esperanças e de gestos de amor. Por isso, investimos muito e participamos da criação da Rede “Nós amamos Neves”, que não por um acaso nasceu da luta contra mais prisões e contra a desumanidade provocada pelo sistema prisional, que tem a punição, a tortura e a privação da liberdade como cerne, montada sobre a falácia da ressocialização de seres humanos que erraram, que estão em conflito com a lei”. Acreditamos na luta antiprisional propõe a criação de mecanismo alternativos de “responsabilização por erros, por crimes, em liberdade” Como a luta antimanicomial propõe “cuidados de saúde em liberdade”
Texto escrito por ROSELY CARLOS AUGUSTO